Ideologia de Gênero, um dogma perverso


13/09/2015 - 12:39
Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues
Arcebispo de Sorocaba (SP)


Os textos abaixo traduzem o que pensa o “feminismo de gênero” sobre as religiões e, em especial, sobre o cristianismo. Como desdobramento do feminismo de gênero surgiu a “teoria queer” que ensina ser “a orientação sexual e a identidade sexual ou de gênero dos indivíduos o resultado de um construto social e que, portanto, não existem papeis sexuais essencial ou biologicamente inscritos na natureza humana, antes formas socialmente variáveis de desempenhar um ou vários papéis sexuais.” Tanto o feminismo de gênero como a “teoria queer” se opõem ferozmente ao cristianismo.

“O feminismo não existe de um lado e a ‘teoria queer’ de outro, afirma a filósofa Judith Butler. Para ela não existem limites de lutas nem de esforços teóricos entre eles”.

“Vale ressaltar que para o “feminismo de gênero”, a religião é uma invenção humana e as principais religiões foram inventadas por homens para oprimir as mulheres. Por isso, as feministas radicais postulam a re-imagem de Deus como Sophia: A sabedoria feminina.” Nesse sentido, as “teólogas do feminismo de gênero” propõem descobrir e adorar não a Deus, mas a Deusa. Por exemplo, Carol Christ, que se autodenomina “teóloga feminista de gênero” afirma o seguinte:

“Uma mulher que se faça eco à declaração dramática de Ntosake Shange:” ´Encontrei a Deus em mim mesma e o amei ferozmente’ está dizendo: O poder feminino é forte e criativo´, está afirmando que o princípio divino, o poder salvador e sustentador, está nela mesma e já não mais verá o homem ou a figura masculina como um salvador”. (Carol Christ, Womanspirit Rising).

Um vídeo promovendo o Fórum das ONGs sobre a Conferência de Pequim, produzido por Judith Lasch diz:

“Nada tem feito mais para constranger a mulher que os credos e ensinamentos religiosos”.

Igualmente estranhas são as palavras de Elisabeth Schussler Fiorenza, outra “teóloga feminista de gênero” que nega radicalmente a possibilidade da Revelação, como lemos na seguinte citação:

“Os textos bíblicos não são a revelação de inspiração verbal nem de princípios doutrinais, mas formulações históricas. Da mesma forma, a teoria feminista insiste em que todos os textos são produto de uma cultura e historia patriarcal e androcêntrica”. (Elisabeth Schussler Fiorenza, In Memory of Her, Crossroad, New York, 1987).

Além disso, Joanne Carlson Brown e Carole R. Bohn, também teólogas autointituladas “escola feminista de gênero” atacam diretamente o Cristianismo como propulsor do abuso infantil:

“O cristianismo é uma teologia abusiva que glorifica o sofrimento. É possível assombrar-se que haja muito abuso na sociedade moderna, quando a imagem teológica dominante da cultura é ‘abuso divino do filho’ de Deus Pai que exige e efetua o sofrimento e a morte de seu próprio filho? Se o Cristianismo é para ser libertador dos oprimidos, deve primeiro livrar-se dessa teologia”. (Joanne Carlson Brown and Carole R. Bohn, Christianity, Patriarchy, and Abuse: A Feminist Critique).

Portanto, os proprietários da “nova perspectiva” promovem o ataque frontal ao cristianismo e toda figura que o represente. Em 1994, Rhonde Copelon e Berta Esperanza Hernandez elaboraram um panfleto para uma série de sessões de trabalho da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento no Cairo. O folheto atacava diretamente o Vaticano por opor-se à sua agenda que, entre outras coisas, inclui o “direito à saúde reprodutiva” e, consequentemente, o aborto.

“Este reclamar dos direitos humanos elementares está enfrentando a oposição de todos os tipos de fundamentalistas religiosos, com o Vaticano como um líder na organização de oposição religiosa à saúde e direitos reprodutivos, incluindo até os serviços de planejamento familiar”. (Rondhe Copelon y Berta Esperanza Hernández, Sexual and Reproductive Rights and Health as Human Rights: Concepts and Strategies; An Introduction for Activitists, Human).

Nada mais fundamentalista que o dogma da ideologia de gênero, esta, sim, um construto mental que pretende obrigar-nos a crer que “menino e menina” nada tem a ver com aquele corpo que vemos logo que nasce um bebê e que antes de nascer, segundo as feministas radicais, é propriedade da mulher, vítima duma concepção aborrecida.

O discípulo de Cristo será odiado ao se opor a essa perversa ideologia, pois ele sabe: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20).


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