Malta é um lugar-chave para um mundo mais fraterno, indica Papa


06/04/2022 - 19:21
Catequese de Francisco desta quarta-feira, 6, foi dedicada à sua recente viagem apostólica a Malta

A recente viagem apostólica do Papa Francisco a Malta foi o tema da catequese desta quarta-feira, 6. A Audiência Geral foi realizada na Sala Paulo VI.

A viagem do Pontífice a Malta estava planejada para se realizar em 2020, mas foi adiada por causa da pandemia da Covid-19. Segundo o Santo Padre, “poucas pessoas sabem que Malta, embora sendo uma ilha no meio do Mediterrâneo, recebeu o Evangelho muito cedo, porque o Apóstolo Paulo naufragou perto do seu litoral e milagrosamente salvou a si mesmo e a todos os que estavam no barco, mais de duzentas e setenta pessoas.

“Os Atos dos Apóstolos relatam que os malteses acolheram todos ‘com rara humanidade'”, recordou. Francisco afirmou ter escolhido precisamente estas palavras: com rara humanidade, como lema de sua viagem. Elas indicam o caminho a seguir não só para enfrentar o fenômeno dos migrantes, mas em geral para que o mundo se torne mais fraterno, mais habitável, e se salve de um “naufrágio” que ameaça a todos, indicou. “Malta é um lugar-chave neste horizonte”.

Malta: lugar-chave para um mundo mais fraterno

Primeiramente, o Papa ressaltou que Malta é um lugar-chave geograficamente. Segundo ele, isso se deve à sua posição no centro do mar entre a Europa e a África, mas que também banha a Ásia. Malta é uma espécie de “rosa dos ventos”, onde povos e culturas se encontram, comentou.

A ilha é um ponto privilegiado a partir do qual se pode observar a área mediterrânea numa perspectiva de 360°, relatou o Santo Padre. “Hoje, fala-se frequentemente de ‘geopolítica’, mas infelizmente a lógica dominante é a das estratégias dos Estados mais poderosos para afirmar os seus interesses alargando a própria área de influência econômica, ideológica e militar. Estamos vendo isso com a guerra”, disse.

“Malta representa, neste quadro, o direito e a força dos ‘pequenos’, das nações pequenas, mas ricas em história e civilização, que deveriam levar a cabo outra lógica: a do respeito, mas também a lógica da liberdade, da convivência das diferenças, oposta à colonização dos mais poderosos. Estamos vendo isso agora e não somente de uma parte, mas também da outra. Depois da Segunda Guerra Mundial, foram feitas tentativas para lançar as bases de uma nova história de paz, mas infelizmente, não aprendemos, a velha história de grandes potências concorrentes continuou. E, na atual guerra na Ucrânia, estamos vendo a impotência da Organização das Nações Unidas”.

Fenômeno das migrações

O segundo aspecto é que “Malta é um lugar-chave no que diz respeito ao fenômeno das migrações”, apontou Francisco. No Centro de acolhimento João XXIII, o Pontífice contou ter encontrado com muitos migrantes que chegaram à ilha após terríveis viagens. 

Ouvir os testemunhos do migrantes. De acordo com o Papa esta é a única forma de fugir da visão distorcida que frequentemente circula nos meios de comunicação. Só assim pode-se reconhecer os seus rostos, histórias, feridas, sonhos e esperanças.

Cada migrante é único, não é um número, é uma pessoa, é único como cada um de nós, frisou o Santo Padre. “Cada migrante é uma pessoa com a própria dignidade, raízes e cultura. Cada um deles é portador de uma riqueza infinitamente maior do que os problemas que podem surgir. Não nos esqueçamos de que a Europa foi formada por migrações”, reforçou.

Francisco ressaltou que, obviamente, o acolhimento deve ser organizado, deve ser planejado juntos, no âmbito internacional. “O fenômeno migratório não pode ser reduzido a uma emergência, é um sinal dos nossos tempos. Deve ser lido e interpretado como tal. Pode tornar-se um sinal de conflito ou um sinal de paz”.

Centro de acolhimento a migrantes em Malta: laboratório de paz

O Pontífice disse também que o Centro de acolhimento de migrantes João XXIII, em Malta, é um “laboratório de paz”. “Malta, no seu conjunto, é um laboratório de paz! Toda nação com o seu comportamento é um laboratório de paz”, complementou.

O Santo Padre frisou que a ilha “pode cumprir esta missão se buscar nas suas raízes a seiva da fraternidade, da compaixão e da solidariedade. O povo maltês recebeu estes valores junto com o Evangelho, e graças ao Evangelho eles serão capazes de os manter vivos”.

Evangelização

O terceiro aspecto é que “Malta é um lugar-chave também do ponto de vista da evangelização. De Malta e Gozo, as duas dioceses do país, muitos sacerdotes e religiosos, bem como fiéis leigos, partiram, dando testemunho cristão em todo o mundo. Como se a passagem de São Paulo tivesse deixado a missão no DNA dos malteses! Por isso, a minha visita foi, primeiramente, um ato de gratidão. Gratidão a Deus e ao seu santo povo fiel que está em Malta e Gozo”.

O Papa recordou que em Malta também sopra o vento do secularismo e a pseudocultura globalizada do consumismo, do neocapitalismo e do relativismo. “Também lá, portanto, é tempo de nova evangelização”, frisou ele, recordando a visita à Gruta de São Paulo, ao Santuário Nacional Mariano de Ta’ Pinu, na ilha de Gozo.

“Lá senti palpitar o coração do povo maltês, que tem tanta confiança na sua Santa Mãe. Maria nos traz sempre de volta ao essencial, a Cristo crucificado e ressuscitado por nós, ao seu amor misericordioso. Maria nos ajuda a reavivar a chama da fé, atraindo o fogo do Espírito Santo, que anima o jubiloso anúncio do Evangelho de geração em geração, pois a alegria da Igreja é evangelizar!”, disse ainda Francisco indicando as palavras de São Paulo VI: “A vocação da Igreja é evangelizar. A alegria da Igreja é evangelizar. É a definição mais bonita da Igreja”.



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